
O estado febril, na verdade, é um sinal de que alguma coisa não está normal. Na maior parte dos casos, a temperatura sobe como resposta a uma infecção, ou seja, a presença da febre mostra que o organismo da criança está lutando para combater o agente da infecção, que pode ser uma bactéria ou um vírus.
Neste caso, a febre é um bom sinal, pois funciona como um mecanismo de defesa, indicando que o sistema imunológico está reagindo à agressão. Algumas vacinas também podem dar febre, como a tríplice (difteria, tétano e coqueluche) e a vacina contra sarampo. Mas essas reações não devem desestimular o uso das vacinas, que são fundamentais para todas as crianças.
De acordo com o pediatra a temperatura normal da criança varia entre 36.5 e 37 graus e deve ser medida na região da axila. Ele explica que nem sempre a elevação da temperatura significa doença ou gravidade. "A simples exposição da criança, principalmente dos bebês, a ambientes muito quentes ou ao sol pode provocar o aumento da temperatura corporal. Mas, nesses casos, ela volta logo ao normal. Uma temperatura acima do normal, porém abaixo de 38 graus, com bom estado geral da criança, não deve preocupar os pais e não necessita de medicação", afirma o especialista.
Por outro lado, o médico diz que os pais devem ficar atentos e procurar o médico quando se trata de febre de 38 graus em crianças com menos de dois meses de idade; no caso de temperaturas acima de 39.5 graus em crianças de qualquer idade; de febres de mais de 48 horas de duração ou resistentes a antitérmicos comuns; quando há queda brusca no estado geral da criança; irritabilidade ou vômitos frequentes.
As doenças que mais costumam ocasionar febre são as infecções provocadas por vírus, como o resfriado; as infecções bacterianas como amidalites, otites e pneumonias; as intoxicações e algumas reações alérgicas. Mas como reconhecer cada tipo de febre?
Segundo o Dr. Mário Novais, o sarampo e as infecções bacterianas podem dar febre alta por até cinco dias. Já nas viroses, ela não costuma durar mais de 48 horas e, num quadro de pneumonia, geralmente ela é contínua e resistente aos antitérmicos comuns.
Convulsões febris
Geralmente, as convulsões acontecem quando a temperatura sobe muito rapidamente. Mas, segundo o pediatra, algumas crianças têm predisposição genética às convulsões desencadeadas por febre. Neste caso, a convulsão pode ocorrer mesmo quando a temperatura não está muito elevada. Na idade de 3 meses até 6 anos (principalmente até 3 anos), de 3% a 5% das crianças podem ter convulsões acompanhadas de quadros febris. Acima disso, elas costumam ser bastante raras.
O Dr. Mário Novais, no entanto, tranquiliza os pais:"as convulsões febris geralmente são benignas e, na grande maioria das vezes, não deixam sequelas. Além disso, normalmente são de curta duração e não vêm acompanhadas de doenças graves".
Durante a crise convulsiva, o paciente pode perder a consciência, ficar rígido ou movimentar-se desordenadamente. O melhor a fazer é manter a criança deitada sem restringir seus movimentos e acionar, imediatamente, o pediatra.
Tratamento da febre
O Dr. Mário Novais recomenda que se dê um banho morno na criança (a temperatura da água deve ser inferior a do corpo da criança. Na linguagem popular se diz ‘quebrar o gelo da água’). Além disso e, ao contrário do que muitos acreditam, deve-se usar poucas roupas em crianças febris e optar por ambientes frescos e arejados. O ar condicionado pode ser usado.
Quanto aos medicamentos, deve-se usar os antitérmicos recomendados pelo pediatra do seu filho. Os mais usados são os comprimidos de ácido acetilsalicílico (entre os mais conhecidos estão a Aspirina, AAS e Buferin); de acetominofen (como o Tylenol) e os remédios (gotas ou comprimidos) à base de dipirona (como Novalgina), que podem ser dados até de quatro em quatro horas, se a temperatura estiver acima de 38 graus. Quando ministrados corretamente, os antitérmicos geralmente não causam efeitos colaterais.
Os supositórios só devem ser dados se a criança estiver vomitando e não tolerar o remédio por via oral. Já os antibióticos não devem ser usados sem ordem médica: "Eles não combatem diretamente a febre e, usados inadequadamente, podem mascarar infecções graves", explica Dr. Mário.
Quanto à alimentação das crianças febris, o pediatra lembra que é comum a perda do apetite, já que o organismo está empenhado em combater a doença. Portanto, não se deve obrigar a criança a comer se ela não tiver vontade. Recomenda-se alimentos leves como sopas, torradas e purês. De acordo com o Dr. Mário Novais, é fundamental a ingestão de líquidos, como chás, sucos naturais, leite ou água, pois através do suor provocado pela febre, o corpo perde água rapidamente.
Dr. Mário Novais
Pediatra e Diretor do Prontobaby