
Basta uma visita rápida aos centros de saúde, unidades de pronto atendimento (UPAs) e hospitais públicos ou particulares de Belo Horizonte para constatar que os pequenos são os pacientes da vez e representam um aumento de até 40% na demanda por consulta pediátrica.
De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, de janeiro a maio, houve aumento de 30% a 60% nas UPAs em assistência às crianças com doenças respiratórias. De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, cerca de 180 pessoas (crianças, idosos e adultos) morreram no Brasil, em 2006, por causa da gripe e suas complicações.
As doenças respiratórias, como sinusite, pneumonia, bronquite, representam uma demanda diária no Hospital Infantil João Paulo II (antigo CGP) de 350 crianças, um aumento de 30% nesta época do ano. Vitória Nonata de Abreu, de 2 anos, sente há uma semana a força que um resfriado tem. Ela, que segundo a mãe, Auxiliadora, adora correr e brincar, estes dias está quieta e amuada sem muita disposição até mesmo para comer. “Há cinco dias, ela estava com febre de 38 graus e nariz escorrendo.
No sábado e no domingo, a febre passou, mas hoje (terça-feira) voltou tudo de novo”, conta Auxiliadora, que procurou um médico na UPA da Região Leste com medo que a criança piore. “Cheguei até a pensar que fosse dengue, mas, como ela tem espirros, não tenho dúvida de que é resfriado”, aposta.
Quem não dorme com as tosses de Luiz Augusto da Costa, de 2, é Denise Aparecida, mãe do garoto. Ela conta que há uma semana ele pegou uma virose na escola e, desde então, está com febre de 39 graus, nariz entupido e sempre acorda de madrugada para pedir algo para beber. “Ele não tem fome, tento fazer as coisas das quais gosta, mas perdeu o apetite”, diz.
De acordo com o diretor do Hospital Infantil São Camilo, José Guerra, sintomas como o de Luiz Augusto e Vitória, tão comuns nesta época do ano, começam a ocorrer na virada de fevereiro para março e perduram até julho. “É sempre esse o período de pico, quando o tempo está seco e frio.
Nosso atendimento chega a crescer 40%”, diz, acrescentando que as crianças são as maiores vítimas porque estão receptivas aos vírus, já os adultos têm certa imunidade a eles. “O vírus da gripe muda a cada ano, já os dos resfriados, não. Por isso, anualmente é feita uma nova vacina para a gripe”, ressalta.
Apesar de muitos se confundir e pensar que gripe e resfriado são a mesma coisa, na verdade, são doenças diferentes. De acordo com José Guerra, o resfriado demora de três a quatro dias para ser curado, com procedimentos básicos. “A receita é simples: muita água e, em caso de febre, que nestes casos, é branda, um antitérmico”, explica, fazendo um alerta: “Os pais não devem insistir com os filhos para comer”. Ele afirma que, ao insistir contra a vontade da criança, ela pode não aguentar e vomitar o alimento. “Aí ocorre a desidratação, o que não é bom nesse estado clínico”, enfatiza.
Evolução
Já a gripe, o médico afirma ser menos comum, mas quando se manifesta os sintomas são mais intensos. Há febre alta, dores no corpo, na cabeça e prostração. A gripe demora de uma a duas semanas para ser curada. Se não tratada adequadamente, ela pode se transformar numa pneumonia, em infecção dos ouvidos, sinusite, amigdalite ou pode agravar crises de asma. “O melhor jeito de preveni-la é tomando a vacina.”
A diretora do Hospital João Paulo II, Helena Maciel, lembra que vírus da gripe propaga com muita facilidade e aconselha aos pais agasalhar as crianças e manter uma alimentação saudável com os pequenos. “Geralmente, tosse, coriza e febre são os primeiros sintomas, assim como o resfriado, mas pode evoluir para doenças mais graves, como a pneumonia”, alerta, ressaltando que os pais devem procurar um médico, principalmente, se a criança sentir falta de ar.